BioNOW! #75 – Um humano como um automóvel

Por Luís Rego em

BioNOW! #75 - Um humano como um automóvel

O papel da eletrónica na saúde

Antecipar e predizer uma doença em tempo útil de forma que possa ser combatida eficazmente é o principal objetivo de todas as áreas médicas. Göran Gustafsson, um engenheiro da empresa sueca Acreo, lidera uma equipa que projetou este objetivo para uma nova escala, uma vez que revoluciona a abordagem da saúde humana, inspirando-se na tecnologia automóvel moderna. Assim como os carros estão altamente equipados com sensores avançados que comunicam problemas antes de grandes falhas, a equipa de Gustafsson apresenta uma ideia semelhante na qual os humanos deveriam ser sistematicamente monitorizados por sensores que permitissem antecipar problemas de saúde antes de se tornarem críticos.

Na verdade, em parceria com investigadores da Universidade de Linköping, a equipa da Acreo desenvolveu sensores para a superfície da pele e implantes, além de uma rede interna no corpo que conecta dispositivos de forma privada. Outros grupos no mundo estão desenvolvendo tecnologias que vão desde adesivos cutâneos que detetam o endurecimento arterial, indicando possíveis ataques cardíacos ou até dispositivos que identificam convulsões epiléticas e entregam medicamentos automaticamente ao cérebro.

No entanto, apesar destes dispositivos de nova geração estabelecerem uma simbiose com os tecidos que interagem, existem ainda manifestos obstáculos que exigem esforço por parte dos cientistas, entre os quais minimização do tamanho dos circuitos implantados, tornando-os mais flexíveis, elásticos e inovadores, exigindo novas fontes de energia e novos métodos de transmissão de informação. Já existem, no momento, perfeitos exemplos de dispositivos, como adesivos epidérmicos, resultantes da extensão natural dos dispositivos portáteis de monitorização atuais, que revelam elevada flexibilidade e serem impercetíveis e até biodegradáveis.

Fig 1 – Adesivos epidérmicos.
A próxima geração e linhas de investigação vão passar por expandir estes dispositivos para sensores interiores mais profundos que permitam alcançar outra capacidade de monitorização, tal como para o diagnóstico de infeções ou cancro tendo por base biossensores. No entanto, surgem nesta fase obstáculos regulatórios e éticos que se interpõem entre os investigadores e o alcançar desta nova realidade. Apesar de tudo, a comunidade cientifica acredita que uma saúde proativa e integrada com a eletrónica será possível, trazendo um futuro onde esta tecnologia contribuirá para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Fig 2 – Sensores interiores mais profundos.
Fig 3 – Sensor no cérebro, pacemaker no coração e bomba de iões implantada na coluna.
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