BioNOW! #78 – Queres ouvir o som de falar em silêncio?

Por Inês Lopes em

BioNOW! #78 - Queres ouvir o som de falar em silêncio?

Falar sem cordas vocais

Em 2016, dois estudantes de 20 anos do MIT ganharam um prémio de $10 000 após criarem luvas capazes de traduzir a linguagem gestual em som idêntico ao da fala. Esta foi uma ideia revolucionária que teve como objetivo quebrar as barreiras da comunicação entre pessoas surdas e pessoas não familiarizadas com a linguagem gestual.

Oito anos depois, uma equipa da Universidade da Califórnia desenvolveu um dispositivo wearable que permite às pessoas falar sem usar as cordas vocais.

Figura 1 e 2 – Protótipo do dispositivo wearable adesivo desenvolvido, respetiva exemplificação de utilização e demonstração visual da sua estrutura.

Este dispositivo deve ser colocado no pescoço e é capaz de traduzir os movimentos musculares da laringe em fala audível, com 95% de precisão. Para isso, os especialistas utilizaram um sistema de machine learning treinado para reconhecer os movimentos musculares da laringe associados à fala de certas palavras, permitindo imitar o som gerado na dicção das mesmas.

Este produto revolucionário constitui uma ferramenta não invasiva pensada para ser utilizada por pessoas que perderam a capacidade de falar devido a problemas nas cordas vocais. Assim, pode ser utilizado, por exemplo, antes do tratamento do distúrbio da voz e durante o período de recuperação.

O dispositivo, apesar de minúsculo, é constituído por dois componentes: um sensor auto-alimentado capaz de detetar e converter os sinais gerados pelos movimentos da laringe em sinais elétricos e um atuador que consegue recolher a informação desses mesmos sinais e, recorrendo ao sistema de AI, convertê-los no som similar ao de um discurso oral, com a expressividade pretendida.

Figura 3 – Ilustração do sistema do sensor e do atuador do dispositivo wearable, aderido à garganta.

Devido ao produto ser recente, ainda se encontra em processo de aprimoramento e, por isso, atualmente, a equipa está focada em continuar a expandir o vocabulário detetável pelo dispositivo e fazê-lo chegar a mais pessoas com transtornos da fala.

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