BioNOW! #52 – Parkinson & Olfato: um (a)caso feliz?

Durante grande parte da História, o principal propulsor da Medicina foi o almejar uma esperança média de vida cada vez maior. No entanto, existe sempre o reverso da moeda e, com vidas mais longas, surgiram novos desafios. O desenvolvimento dos últimos anos permite-nos agora “ver mais longe, por estarmos sobre ombros de gigantes” e leva-nos ao luxo de colocar em causa, não a longevidade em si, mas sim a qualidade da mesma.
A Doença de Parkinson representa um dos vários riscos que a promessa de uma vida mais longa acarreta. Não tem nenhuma causa conhecida e apenas se sabe que tem influência genética e ambiental. Por não haver cura, a estratégia passa por conseguir detetar a doença no estado mais inicial possível, o que, por vezes, não é concretizável. Haverá forma de contornar a questão e fazer o que ainda não foi feito?

BioNOW! #51 – A inaudita função da mitocôndria no olho

Foi na passada Semana Santa que teve lugar um encontro não menos inusitado que breve. Depois de uma manhã cinzenta, e tipicamente abrileira, abrira-se uma tarde esplendorosa. O céu de tom azul-celeste e o ar tépido e salubre incitaram-me a deambular pela floresta, que ficava a escassos minutos do local da minha estadia. Acabara de passar uns moinhos de água esquecidos no tempo, quando vislumbrei sob a copa de um pinheiro-bravo uma mancha avermelhada em movimento. Reconheci prontamente que se tratava de um Sciurus vulgaris, vulgo esquilo-vermelho – espécie outrora extinta em Portugal e que tem vindo a recolonizar o norte do país desde os anos 90. Mal tivera tempo para processar o que vira, quando a exígua criatura se voltou na minha direção e estacou, erguido sobre as duas patas traseiras. Perscrutei-lhe a minúscula face, ladeada por um par de orelhas hirtas, igualmente minúsculas. Frente a frente, questionei-me se encerrada dentro daquele pequenino olho escuro estava uma cópia, ainda que espelhada, da minha própria experiência visual.