BioNOW! #15 - Macrófagos e a regressão do envelhecimento cognitivo
Nos mamíferos, o envelhecimento está associado a inflamação crónica, que leva a declínios cognitivos. A reparação do metabolismo de algumas células imunes pode ser suficiente para reduzir este efeito, de acordo com um estudo da Universidade de Stanford.
Os macrófagos são células imunes responsáveis por destruir microrganismos invasores e produzir sinais que regulam a inflamação do tecido onde se encontram. No entanto, no envelhecimento, o desequilíbrio de vários sinais moleculares leva à inativação do metabolismo destas células: os macrófagos tornam-se incapazes de obter energia, o que os deixa incapacitados e leva a mais inflamação.
Um dos sinais mais importantes nesse processo é uma molécula chamada prostaglandina E2 (PGE2), que se liga ao recetor EP2 dos macrófagos e inativa a sua atividade metabólica. Para compreender a relação desse mecanismo com o declínio cognitivo associado à idade, um grupo de investigação de Stanford usou várias estratégias para inibir o recetor EP2 em células de ratinho. Isso foi feito com métodos genéticos e farmacológicos, em células do cérebro e periféricas.
Essa inibição resultou na reativação do metabolismo das células em causa, o que sugeriu possíveis efeitos na capacidade cognitiva dos animais — foram, então, feitos estudos comportamentais em ratinhos idosos sujeitos a esses tratamentos, que revelaram uma melhoria significativa na sua memória e capacidade de orientação (semelhantes às de animais jovens).
Figura 1- Estratégias utilizadas para o estudo da relação entre o metabolismo dos macrófagos e o envelhecimento cognitivo. Os macrófagos são células imunes encontradas por todo o organismo, incluindo o sistema nervoso central (onde se chamam microglia). Os autores demonstraram que a sinalização pela PGE2 no recetor EP2 é responsável pela supressão do metabolismo destas células. A inibição do recetor por abordagens genéticas ou farmacológicas, nos macrófagos periféricos ou na microglia, levou a melhorias na capacidade cognitiva dos ratinhos.
Assim, este estudo revelou que — pelo menos em ratinhos saudáveis — o bloqueio da sinalização pela PGE2 em macrófagos é suficiente para recuperar a capacidade mental da juventude. Isto sugere que o declínio cognitivo associado ao envelhecimento saudável não é um processo irreversível, mas sim um estado dinâmico que pode ser controlado ao nível do metabolismo das células imunes!
Sabe mais em:
https://doi.org/10.1038/s41586-020-03160-0
