BioNOW! #5 – Nanopartículas em vacina proteica contra o SARS-CoV-2

Por Nuno Oliveira em

BioNOW! #5 – Nanopartículas em vacina proteica contra o SARS-CoV-2

O fim da pandemia de COVID-19 que a humanidade está a atravessar passa, indubitavelmente, pelo desenvolvimento de uma vacina segura e eficaz. As nanopartículas podem vir a ser a chave para esse objetivo.

A maioria das vacinas contra o SARS-CoV-2 que estão a ser desenvolvidas usa uma de três abordagens – inoculação de proteínas do vírus, de material genético do mesmo (mRNA), ou de cópias inativadas do vírus inteiro. Apesar das vacinas-candidatas mais avançadas nos ensaios clínicos utilizarem a tecnologia de mRNA, esta é muito mais recente do que as vacinas proteicas. As incertezas que isso levanta motivam a investigação a continuar em todas as frentes.

Nesse contexto, um grupo de investigação da universidade de Washington, em Seattle, desenvolveu uma nova vacina proteica, que desencadeou uma resposta imune muito promissora nos ensaios em ratinho, recorrendo a nanopartículas para organizar as proteínas numa forma semelhante à do vírus intacto. A inoculação das vacinas assim produzidas levou a concentrações de anticorpos no sangue dez vezes superiores às obtidas com a inoculação da proteína livre, usando uma dose cinco vezes menor.

Figura 1 – Modelo estrutural das nanopartículas utilizadas neste estudo.

As nanopartículas usadas nesse trabalho são esferas proteicas com 28 nm de diâmetro e as proteínas que as constituem foram geradas pela expressão recombinante dos genes que as codificam, fundidos com o gene de um domínio da proteína Spike do SARS-CoV-2. Este método leva à exposição desses domínios na superfície da nanopartícula, tal como acontece no vírus.

Figura 2 – Resumo gráfico do modo de funcionamento desta vacina de nanopartículas. A nanopartícula proteica recoberta de RBD (receptor-binding domain) da proteína Spike estimula as células produtoras de anticorpos com uma eficácia muito superior aos RBD livres.

A promoção de uma resposta imune com grande concentração de anticorpos e elevada taxa de anticorpos neutralizantes, especialmente em comparação com a inoculação da proteína Spike livre, é explicada pela concentração de vários domínios proteicos imunogénicos num pequeno espaço, que leva a uma maior estimulação das células imunes.

Estes resultados, que mostram a imunização eficaz de animais com a inoculação de uma pequena dose destas nanopartículas, tornam-nas muito promissoras e com potencial para terem um grande impacto económico e na saúde pública. Por essa razão, estão a ser fabricadas doses de vacina para ensaios clínicos no futuro próximo.

Sabe mais em:
https://doi.org/10.1016/j.cell.2020.10.043

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