BioNOW! #33 - Proteínas auto-extratoras para o estudo do splicing alternativo
Um novo sistema de repórteres proteicos desenvolvido em Munique permite, pela primeira vez, seguir a expressão de diferentes isoformas proteicas em tempo real.
Os processos que ocorrem nas nossas células baseiam-se fortemente na ação de proteínas. Estas moléculas são formadas a partir da transcrição de DNA em mRNA, que é depois traduzido em proteínas pelos ribossomas. No entanto, a conexão entre DNA e mRNA não é direta, pois um gene pode originar vários mRNA diferentes, devido ao processo de splicing alternativo.
No splicing alternativo, porções diferentes de um gene transcrito podem ser removidas para originar variações de mRNA, correspondentes a proteínas semelhantes, mas distintas – isoformas. No entanto, as técnicas existentes para estudar quais as isoformas proteicas mais presentes numa célula são laboriosas e requerem a morte da célula.
Para resolver este problema, investigadores do Centro Helmholtz de Munique e da Universidade Técnica de Munique desenvolveram um novo sistema repórter chamado EXSISERS. Este sistema foi projetado com o objetivo de gerar um sinal luminoso assim que uma das isoformas proteicas comece a ser traduzida. Para isso, integram-se nos genes de interesse fragmentos proteicos luminescentes, desenhados para se separarem imediatamente da proteína em estudo. Deste modo, quando se dá a tradução da isoforma de interesse, o repórter integrado na região correspondente do mRNA é construído, libertado, e o seu sinal pode ser detetado, sem alterar a estrutura da proteína – nem o funcionamento da célula.
Os autores usaram esse sistema para medir em células em cultura a proporção das isoformas da proteína Tau (associada a diversas doenças neurodegenerativas, incluindo a de Parkinson). Este sistema providenciou resultados comparáveis aos das técnicas existentes, mas de forma muito mais simples e não-invasiva. Assim, esta técnica promete facilitar grandemente este tipo de estudos, podendo originar avanços no tratamento de muitas doenças associadas a disfunções de isoformas proteicas.

Figura 1 – Proteínas desenhadas com um repórter auto-excisante. Ilustração de Barth van Rossum.
Sabe mais em:
https://www.nature.com/articles/s41556-021-00678-x