BioNOW! #63 – Smart Pills: Transformação do Diagnóstico e Tratamento de Distúrbios Gastrointestinais

Por Carolina Peixoto em

BioNOW! #63 - Smart Pills: Transformação do Diagnóstico e Tratamento de Distúrbios Gastrointestinais

Estudos revelam que distúrbios gastrointestinais afetam mais de um terço da população mundial, sendo fundamental desenvolver abordagens de diagnóstico e tratamento que revelem mais eficácia e precisão. Existem doenças que levam a que a passagem do alimento ingerido seja muito rápida ou muito lenta, tornando-se necessário rastrear a velocidade do alimento no intestino. O protagonista deste artigo, os smart pills, são comprimidos que utilizam campos magnéticos para rastrear o movimento através do trato gastrointestinal com elevada precisão e resolução.

O mérito é devido à equipa de investigadores liderada por Khalil Ramadi, Professor Assistente de Bioengenharia na NYU de Abu Dhabi (NYUAD), que desenvolveu um novo sistema não-invasivo com o intuito de facilitar o diagnóstico e tratamento de distúrbios da motilidade gastrointestinal. Por forma a rastrear o movimento de um “comprimido inteligente” (smart pill) ingerível por meio do trato gastrointestinal, os investigadores geraram gradientes de campo magnético 3D utilizando bobinas eletromagnéticas de alta frequência que conseguem codificar cada ponto espacial com uma magnitude de campo magnético distinta. De seguida, essa magnitude de campo é medida e transmitida pelo smart pill com o objetivo de determinar a sua localização precisa, que é posteriormente comunicada a um smartphone com recurso ao Bluetooth.

Figura 1 – Smart Pill

Os smart pills existentes, em compração com os novos e melhorados smart pills referentes neste artigo, não têm a capacidade de oferecer um grande campo de visão, alta resolução espacial e operação wireless, que o gradiente de campo magnético 3D desenvolvido pelos investigadores possibilita. A nova tecnologia implementada tem o potencial para, futuramente, ser usada em aplicações clínicas, para diagnosticar mais precisamente e eficazmente distúrbios gastrointestinais e direcionar de forma precisa intervenções terapêuticas e procedimentos minimamente invasivos.

Explicando mais a fundo o funcionamento destes smart pills, o dispositivo sem fio ingerível é capaz de detetar e transmitir o seu campo magnético local, em que este campo magnético é aplicado recorrendo-se a eletroímans, para um recetor externo.

Mas afinal, quais serão as vantagens deste método face as tecnologias existentes?

Atualmente, a tecnologia existente usa procedimentos invasivos, por exemplo: endoscopias e radiografias por raios-X, prejudiciais que, usualmente, requerem uma avaliação repetida e contínua em ambiente hospitalar. Os smart pills recém-desenvolvidos oferecem um campo de visão que é de três ordens de grandeza superior ao oferecido pelos dispositivos referidos anteriormente, contribuindo para uma alternativa mais ampla, conveniente, extremamente precisa e, acima de tudo, não invasiva.

De acordo com as palavras do próprio Ramadi: “Os smart pills que a nossa equipa desenvolveu representa uma abordagem mais acessível e eficiente para avaliar a motilidade gastrointestinal que pode beneficiar pacientes e médicos. É uma nova fronteira para o diagnóstico médico e tratamento baseado em evidências e tem o potencial, com mais pesquisas e refinamento, de revolucionar a forma como podemos enfrentar com mais eficácia os desafios de saúde que afetam milhões de pessoas em todo o mundo.”

Esta nova descoberta e atualização dos smart pills revela ser muito benéfica, pois permite aumentar a qualidade de vida e com a rápida evolução tecnológica estes comprimidos serão sempre alvo de melhoramento adquirindo, futuramente e possivelmente, novas características que poderão fornecer informações sobre mais aspetos do organismo humano.

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